Impossível falar de política em Mato Grosso do Sul referindo-se ao cenário pré-montado em 2021, sem citar a intenção do ex-governador André Puccinelli (MDB) e sua imensa vontade em candidatar-se novamente ao cargo para o pleito do próximo ano, mesmo depois de ter sido condenado por improbidade administrativa.

“A decisão   proferida   pela   justiça   federal   nos   autos   do   processo n.º0000525-43.2016.4.03.6000  /1ª  Vara  Federal  de  Campo  Grande,  não  torna  o  Ex-Governador André Puccinelli inelegível, visto que, existem recursos cabíveis que serão apresentados em momento oportuno”, dizia parte da nota.

Na sentença, entre outras penas, a Justiça determinou a suspensão dos direitos políticos por cinco anos, que começam a correr após o trânsito em julgado (quando não cabem mais recursos contra a condenação).

A Ação de Improbidade Administrativa foi ajuizada pelo Núcleo de Combate à Corrupção (NCC) do Ministério Público Federal (MPF) em MS em janeiro de 2016 e acusava André Puccinelli de coagir servidores comissionados de duas secretarias de Estado (de Trabalho e Assistência Social – Setass – e de Desenvolvimento Agrário e Turismo – Seprotur) a apoiar e votar em candidatos de sua coligação nas eleições municipais de 2012.

De acordo com o MPF, além da prática de ilícito eleitoral, a conduta do ex-governador violou os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade, tal como atentou contra os princípios da impessoalidade e moralidade administrativa. 

Na época, um vídeo gravado em meio a uma das reuniões mostrava Puccinelli listando, nominalmente, servidores das secretarias de Estado e ordenando que os comissionados informassem em quais candidatos votariam para os cargos de prefeito e vereador. O político aparece fazendo anotações e orientando alguns de seus subordinados a manter a intenção de voto em candidatos da coligação por ele apoiada.

Mesmo diante de todo esse quadro de acusações,  André Puccinelli tomava conta do cenário político mais uma vez no mês de junho, quando pesquisa apresentava sua liderança na intenção de votos para o governo.

Levantamento divulgado em reportagem de Laryssa Maier no dia 15 de junho, foi realizado pelo Instituto Ranking Brasil, entre os dias 09 e 12 de junho de 2021. 

De acordo com o Instituto, o levantamento foi classificado em duas categorias, espontânea onde não são apresentados os nomes dos possíveis candidatos e estimulada onde o entrevistado responde conforme suas preferências dentre as opções apresentadas.

Pesquisa

André Puccinelli liderava o ranking com 11.65% de intenções de votos, seguido da Professora Rose Modesto com 9.30%, em terceiro lugar está a atual Ministra da Agricultura, Tereza Cristina com 6.65%.

Ao todo foram entrevistadas 2.000 pessoas, nos municípios de Campo Grande – 44.10%, Dourados – 11.6%, Três Lagoas- 5.8%, Corumbá – 5.2%, Ponta Porã – 4.7%, Naviraí – 2.7%, Nova Andradina – 2.6%, Aquidauana – 2.5%, Sidrolândia – 2.3%, Paranaíba – 2.2%, Maracaju – 2.0%, Coxim – 1.9%, Amambaí – 1.9%, Rio Brilhante – 1.9%, Caarapó 1.5%, Costa Rica – 1.5%, São Gabriel do Oeste – 1.5%, Miranda – 1.4%, Ivinhema – 1.4%, Aparecida do Tabuado – 1.3%.

Atual prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad também apareceu na pesquisa, ocupando o final da fila, em penúltimo lugar com 3.10% das intenções de voto, e ultimo lugar o Coronel David com 2.00%. 

No dia 27 de julho, em entrevista a rádio Difusora Pantanal, o ex-governador disse que não fazia parte de seus planos, já que teria encarado como encerrado o ciclo político em sua vida, ao terminar o governo em 2014. “Na verdade, me via como ‘vovorista’. Poderia ter competido ao senado, insistiram por isso, então preferi encarar como o fim deste ciclo, mas logo começaram a me ‘cutucar’, tive uma série de injustiças, tive uma prisão, o que é importante lembrar que foi considerada ilegal no STJ, e por unanimidade”.

“Impedimento legal não temos, não tem nenhuma condenação. Sofri injustiças, mas mesmo após essas situações, vontade não nos falta! Estamos construindo um caminho para que possamos atender ao pedido ‘Volta, André!”.

Sobre ao valor de campanha, ele disse que fará com pouco dinheiro. “Ouço dos candidatos por aí: ‘ah, fulano vai ter 100 milhões para gastar’, mas gastar isso tudo em meio a uma pandemia? Eu nunca faria isso. É um absurdo um gasto desses na política em meio a este cenário”.

André se defendeu por ter sido acusado de amarelar, “Disseram que eu amarelei lá trás, quando eu estava no 6º ano da prefeitura, com um sai ou não sai a candidato. Mas a questão é que ninguém amarela, a gente pesa uma série de condições que cabem a nós”.

Puccinelli já aproveitou a entrevista e apelou para os ouvintes, pedindo ajuda para sua campanha de pré-candidatura a governado do Estado do ano que vem. “Vai ter uma conta lá do diretório do MDB para as eleições, que será para captações de recursos. Quem quiser nos auxiliar, pode depositar R$ 1.064 sem burocracia”.

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