Com o objetivo de preparar quem está em situação de cumprimento de pena para o momento mais desejado: a liberdade, está sendo desenvolvido no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) um projeto voltado ao acompanhamento psicossocial dos detentos. O “Grupo de Orientação para Liberdade” foi idealizado e é coordenado pela agente penitenciária da área de Psicologia, Yana Tiviroli. Segundo ela, a proposta de trabalho tem como base quatro valores éticos trabalhados durante os encontros: comprometimento, sigilo, verdade e respeito. “Nossa intenção é desmistificar a liberdade como algo pronto a ser conquistado com o alvará de soltura ou a progressão de regime”, destaca a idealizadora. “A liberdade se constrói dia após dia, cada um à sua maneira, é saber fazer escolhas”, reforça Yana. O projeto é orientado pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da Divisão de Promoção Social. Como instrumento de produção de conhecimento e reflexão crítica, a realização envolve, além de depoimentos, exibição de filmes, documentários e palestras. “Cada momento em grupo possui uma temática específica a ser tratada, que inclui também atendimento psicológico individual antes e depois de cada encontro”, complementa a psicóloga. O grupo de orientação teve início no dia 27 fevereiro, e o tema apresentado na abertura dos trabalhos foi o que dá nome à iniciativa: liberdade. Os reeducandos assistiram ao documentário “Pátio”, um ensaio em que os presidiários jogam bola e compartilham sobres as suas vidas além dos muros da prisão. Produzido pelo diretor e roteirista Aly Muritiba, um ex-agente penitenciário, o filme foi vencedor do prêmio  ”É Tudo Verdade 2013”. “Sei que posso sair daqui e fazer tudo diferente, posso recomeçar”, destaca um interno participante que, por conta de um dos fundamentos da iniciativa ser o sigilo, não terá o nome divulgado. “Esse projeto faz a gente enxergar que nossa liberdade vale mais do que tudo nessa vida”, complementa outro detento, reforçando que é necessária humildade no aprender de cada dia para a construção da liberdade. Inicialmente, as reuniões estão ocorrendo uma vez ao mês, com um total de 30 participantes por vez.  “A cada encontro, um novo grupo será formado com o objetivo de atender o maior número de internos possível. O que não impede que se repitam integrantes ocasionalmente”, detalha a coordenadora. Entre os temas de trabalho estão: depressão, dependência química e laços familiares. Segundo Yana, a proposta é que o projeto também esteja interligado com outras iniciativas desenvolvidas no Instituto Penal de Campo Grande, como a atenção às políticas LGBT e o Grupo de Enfrentamento à Drogadição.

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